O médico Alfredo Leite tira dúvidas sobre arboviroses, principalmente dengue, chikungunya e zika
Neste momento em que a pandemia de COVID-19 ainda sombreia nossas vidas, temos visto o reaparecimento de vários casos de arboviroses, principalmente dengue e chikungunya. “Arbovirose” é o termo genérico usado para designar as doenças virais transmitidas por artrópodes (ARthropod BOrne Viruses), no caso específico o mosquito Aedes aegypti. Além das duas já mencionadas, a virose zika é outra importante causa de sofrimento para os seres humanos.
Como reconhecer uma arbovirose?
Os quadros de arboviroses guardam algumas características comuns: a maioria dos pacientes vai ter febre, cefaleia e algum grau de astenia (fraqueza) e dores pelo corpo.
Por outro lado, há alguns sintomas e sinais que são mais comuns a umas que a outras:
– Na dengue ocorrem mais dores musculares (mialgias), manchas avermelhadas pelo corpo (exantema, “rash”), queda das plaquetas e, nos casos graves, queda da pressão arterial (choque) e fenômenos hemorrágicos. É a arbovirose que tem mais chances de levar a um desfecho fatal, especialmente se não for tratada de forma precoce e adequada.
– Na chikungunya, chama mais atenção o quadro de dores e inflamações articulares. A artrite pode permanecer ativa por semanas ou meses após o quadro viral agudo, às vezes requerendo tratamento prolongado com especialista.
– O vírus zika tende a causar manifestações geralmente leves, ocasionalmente com a peculiaridade de causar conjuntivite/vermelhidão ocular. No entanto, são muito temidas as malformações fetais que ele pode gerar quando acomete mulheres grávidas, sobretudo a microcefalia.
Por fim, como podemos distinguir o quadro febril das arboviroses daquele associado à COVID-19?
Em geral, a distinção nesse contexto não é difícil. Na COVID-19 os sintomas respiratórios, como tosse, coriza e dor de garganta, aparecem logo nos primeiros dias; eles não fazem parte do quadro das arboviroses. Caso persista a dúvida, dispomos dos exames laboratoriais apropriados para a definição do diagnóstico.
Felizmente, no meio dessa “tempestade perfeita” de coincidência entre COVID-19 e arboviroses, há uma ótima notícia: todas essas doenças são preveníveis. Contra as arboviroses, eliminemos os focos do mosquito; contra a COVID-19, ponhamos juízo na cabeça dos humanos, para que se vacinem e mantenham, até quando for necessário, as medidas de distanciamento social.
Texto de Dr. Alfredo Leite