Costuma-se dizer no dito popular que depois da tempestade vem a bonança!
Em Camaragibe, infelizmente, depois da tempestade vem a tristeza, o caos, a fome, a destruição, o frio e a certeza que a única coisa que se tem a fazer é lamentar pelas perdas e por tudo aquilo que um dia fez parte da nossa história, e se foi.
Famílias que perderam não só seus móveis, seus bens, mas principalmente sua dignidade e em muitos casos, a vida.
A essa altura já não importa se ao ler o texto você sente vergonha por ter vendido o seu voto ou sente indignação por não ter se esforçado mais para que esse modelo deixasse de existir. Se você se sente um insano por ter acreditado em todas as mentiras e todas as promessas desses governantes, saiba que não está sozinho e que muitos pensaram da mesma forma.
Nada mais importa, porque seja o que for que você esteja sentindo, nada vai devolver o filho aos braços da sua mãe, um marido aos abraços da sua esposa, a esposa aos carinhos de sua família os irmãos a alegria dos seus e nem os amigos aos que ainda tinham tanto a fazer juntos.
Vidas perdidas não voltam, mas suas escolhas determinam de agora por diante o seu destino.
Precisamos dar um basta nisso tudo.
As vidas não podem ser conduzidas como uma peça de teatro, onde o autor decide pelo destino de seus personagens.
Em 2019 foram sete vidas com deslizamentos de barreiras, uma família inteira se foi perante o descaso do poder público.
Em 2020 foi a vez de milhares de vidas, mas uma nos chamou a atenção, era um morador que horas antes clamava por atendimento na frente do CEMEC, o clamor dele nunca mais poderá ser esquecido.
“Estou aqui no Hospital Aristeu Chaves com Covid, certo. Estou infectado, com muita dor e muito cansaço. Fraco. E cheguei agora aqui pra ser socorrido e não têm médico de forma alguma. Pessoal esperando. Isso é um descaso. Que médica é essa prefeita que não bota médico no hospital? A Dra. Nadegi, a senhora é um zero à esquerda”, declarou Irmão Tiago.
Em 2021, a violência imperou, muitas mortes, roubos, insegurança tomou conta da cidade
Na primeira semana de 2022, em um parque da cidade um vendedor de água mineral foi atingido por uma árvore podre que nunca recebeu a manutenção devida do controle urbano, o rapaz veio a óbito.
E essa semana chegou a vez de um estudante de 16 anos que saía da escola, e voltando para casa, se deparou com um bueiro aberto e infelizmente foi tragado pela correnteza do alagamento, vindo também a falecer. E ainda neste mesmo dia, mais uma vítima do descaso do poder público, este, soterrado por uma barreira.
Lamentavelmente, dependemos de um sistema onde quem manda e decide nosso futuro são os mesmos que desdenham de nossa desgraça e dançam sob nossas covas ainda abertas.
Quantos morreram e foram esquecidos? Quantos foram jogados em ossários, abarrotados de injustiça e dor? Quantos faltaram ar em seus pulmões, sem que o auxílio chegasse à sua porta?
O pão que falta em sua mesa, enriquece os malfeitores que ignoram a sua dor.
Não esqueçam, em suas mãos estão as chaves que abre as portas de sua libertação e em seu peito bate a esperança de dias melhores, que vos conduzirão rumo a renovação do entendimento na busca do voto consciente.