Pernambuco é mesmo a Moscou do Brasil?

Pernambuco é mesmo a Moscou do Brasil?

Quem já não deve ter ouvido falar que Pernambuco diante de sua brevíssima história de Governadores de Esquerda seria a nova Moscou?  Os mais cruéis afirmam ainda que não seria a Moscou, mas na verdade, muito pior, a Cuba!

Bem, numa primeira análise, a pergunta que dá título a este ensaio poderia ser positiva se levássemos em conta unicamente que os últimos governos da terra dos altos coqueiros eram socialistas provenientes do Partido Socialista Brasileiro – PSB.

Contudo, um recorte minúsculo da história, um período que sequer contempla duas décadas, jamais poderia sustentar a natureza ideológica esquerdista de nossa Pernambuco.

Quando analisamos o contexto em que tal pergunta é pronunciada, no mais das vezes na forma de afirmação, parece um clamor quotidiano de quem não mais suporta viver em um estado vanguardista que vem perdendo cada vez mais essa posição.

Analisando de modo mais completo a história pernambucana, é possível perceber que esse título não condiz em nada com as raízes históricas de nosso povo, ao revés!

Pernambuco é de berço um estado revolucionário, que sempre demonstrou predisposição a combater abusos e violências contra a liberdade. Sim, talvez isso seja um indicativo do porquê que em Pernambuco a esquerda poder florescer, mas isso não é a garantia de que seja dominante no estado. Não mesmo!

A questão não é que a nossa Nova Roma seja esquerdista, mas que seu solo é oxigenado pelos ares da liberdade,temos o pensamento do iluminista Voltaire, que muito tem a ver com essa terra: “Discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”.

Pernambuco é por assim dizer inspirado na liberdade. Ao longo de sua história, inclusive no período republicano, teve em sua maioria Governos Conservadores e muito relacionados politicamente à direita.

O nosso orgulho, a Revolução Pernambucana (1817), quando Pernambuco passou a ser independente até do Brasil, foi em decorrência de ideais iluministas em defesa da estrutura republicana, por menos impostos e opressão do estado, que se propagavam na elite local, militares, comerciantes e padres que organizaram um movimento que eclodiu em março de 1817, um dos mais importantes capítulos de nossa história.

Ao seu lado também podemos citar com ideais iluministas a Conspiração dos Suassunas (1801).Temos ainda, as revoltas que desenhavam e se inspiravam no liberalismo econômico como a Guerra dos Mascastes (1710-1711), a Confederação do Equador (1824).

Daí se vê que essa noção errônea de sermos a Moscou do Brasil, resulta de uma queixa com a atual realidade recente do estado, que vive pesadelos decorrentes de governos socialistas, marcados por retrocessos em todas as áreas.

Sequer pode se dizer que Pernambuco se mostra um estado social – ou que leve essas questões a sério, nem na teoria e nem na prática o social está sendo considerado; mas, somente as mazelas do socialismo é que estão presentes no quotidiano de nosso povo, na cobrança de altos impostos para manutenção de um estado ineficiente.Uma época tão sombria amarga uma legião de miseráveis e ignorados.

Talvez o que se queira dizer, quando se reclama do governo é que é necessário que volte a germinar a personalidade ideológica à direita que o estado possui, por menos impostos para o empreendedor, redução de gastos públicos, mais religiosidade e estabilidade social.

Pernambuco não é nem Moscou e muito menos Cuba, mas está cansada de dar vida a identidades que não tem nada a ver com suas aptidões históricas,de um estado liberal e vanguardista. 

Otávio Lemos é advogado pernambucano militante na área de direito civil e tributário, e ativista contra a corrupção e mau uso do dinheiro público, co-fundador do Movimento legalista ‘Não Vou Pagar’, que atua dentro do estado de Pernambuco. Além disso, o advogado é especialista em direito processual civil e agora busca especialização em contratações públicas, para maximizar sua luta contra a corrupção e pela moralidade administrativa.

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