Fé Religiosa e Política – Uma questão de tradição

Fé Religiosa e Política – Uma questão de tradição

Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt. 22:20-21.
Esta é uma notável declaração feita por Cristo. Ele nos mostra que deve existir âmbitos de influência, um para o governo humano, na terra, e outro para o governo divino, Teocrata.


Não há incoerência em professar a natureza da fé religiosa, bem como, com a constituição política, não encontramos razão pela qual se obrigue o povo a aderir a qualquer que seja a forma de política e/ou fé religiosa, ambos devem ser voluntários, em pleno respeito pela vontade individual e pelas decisões particulares, isto, podemos chamar de “liberdade para decisão”. O homem liberto em suas faculdades mentais e morais, consecutivamente, exercerá o poder e a habilidade de fazer aquilo que deseja, independentemente da vontade daqueles que estão ao seu redor.

Por conseguinte, ele, o homem, tem a intenção de preservar a ordem, a justiça e a liberdade, que é próprio de sua natureza. No entanto, vale lembrar ao mundo contemporâneo como se deve manter a verdade, sobre o poder em distinguir a “sociedade livre” da “sociedade servil”, logo, é inteiramente incoerente obrigar ao homem seguir determinado governo humano e/ou divino, ambos se tornam totalmente equivocados, se obrigados forem.

Os espaços públicos devem promover o debate, devendo ser saudável e aceitável nas sociedades civilizadas, sendo um erro exclui-lo, tanto da fé religiosa, como também, da política.
Lembrando que a ordem, a liberdade e a justiça, seguem os pilares ocidentais da cultura judaico-cristã, assim como na filosofia grega e o direito romano, que foram elaborados e desenvolvidos lenta e dolorosamente a partir de muitas gerações, e que são artifícios humanos, sobre o aparato do “bem e do mal”.

Essas são naturezas humanas de ordem, liberdade e justiça, devem ser sempre observadas para que não haja a vontade de se fazer o que se deseja, independentemente da vontade das pessoas que estão ao seu “redor” e de seu “próximo”, essa seria uma forma defeituosa. De fato, devemos compreender que a sede pelo poder jamais será saciada, independente da prosperidade ou da igualdade e desigualdade entre homens e mulheres, todos buscarão poder. Portanto, vale salientar, o que é ruim para o “indivíduo” é ruim para “sociedade”.

Paulo de Tarso adquiriu o conhecimento da cultura grega, nascido aos pés do judaísmo, certa vez discursou no Areópago, citando poetas gregos (At.17:28), homem habilidoso com as palavras, capaz de discursar para os mais exigentes dos ouvintes, diante de uma cultura predominantemente helenista, de filósofos, de pensadores e de oradores profissionais, não se corrompeu e manteve seus bons costumes, não se intimidando em professar sua fé.
Quando o bem predomina, pela virtude, pelo hábito e a obediência a leis justas, haverá vantagem do “bem” sobre o “mal”, contudo, se extinto os costumes, as decências e as leis, independente de quão generosas e humanitárias elas forem, então, colocaremos em prática a “corrupção”, que estão infiltradas independentes de governos, denominações religiosas, constituições, se esse impulso imoral tornar a ser pratica usual, varreremos da natureza humana, os bons usos e costumes que são providenciais a constituição de um povo, de um estado de uma nação.

Para a política o homem tende a exercer esse paralelo entre: o indivíduo de corpo, alma e espírito; com a cidade. Essa simbiose entre esse homem e a cidade-estado-polis, deverá haver harmonia entre as “faculdades da alma” e as “faculdades políticas”. Essa ordenação se dá quando esse indivíduo dotado de mente, corpo e espírito, se relaciona com a constituição e criação dessas cidades-estados elegendo aspectos racionais como orientador de suas ações.

Concluindo, nesse ambiente público dada as faculdades mentais de cada indivíduo, é passivo haver a profissão de fé religiosa para contribuição deste agente político na sociedade e em seus meios de atuação, tanto na arte, na música, na política, na própria religião, desde que não haja envenenamento pela hostilidade de sua tendência, mediante ao conflito e a separação. É imperativo entender que há liberdade de escolha para que não haja bifurcações na linguagem do falar e do pensar, que possamos nutrir cada vez mais os pilares que nortearam a base do ocidente no mundo ao agir. Não há governo sem a presença de Deus, tanto um político quanto um sacerdote religioso, exercessem seu papel representativo.

Silvio Ferreira – Teólogo e Estudante de Psicanálise.

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